10 dezembro 2008

Sentidos

Sinto a calma
Sinto a alma
Sinto a fogosa criatura
que sai de dentro de mim
e onde deixa um espaço para a ternura...

Oiço o mar
Oiço o meu respirar
Oiço o crepitar da sombra a desvanecer
que arde e purifica
para de novo eu renascer...

Saboreio o ódio e o amor
Saboreio tudo ao redor e o seu esplendor
Saboreio a vida
desgastada e muitas vezes no tempo
amargurada e perdida...

Vejo a lua
Vejo-me nua
Vejo a negritude velejar
para terras de horizontes distantes
para eu poder de novo imaginar e quiças amar...

Cheiro o jardim
Cheiro coisas sem fim
Cheiro o teu odor
que me relaxa os sentidos
será que voltei a falar em ...

04 novembro 2008

Secret Garden

Diante da porta de carvalho antiga e com insígnias misteriosas, coloco a chave...
É o momento!
Escuta, é o ranger da porta, as dobradiças estão velhas e ferrugentas, nada aqui é novo, é antigo como o pensamento... Consegues espreitar o que está depois desta magnânime porta? Não?!? Aquele lugar é sagrado e solitário, não quero que ninguém o penetre nem o viole, será que queres mesmo entrar?
Descalça-te e eu descalço-me também, colocamos os nossos sapatos à entrada, e sem fazer barulho, de mansinho, vamos entrar... vamos entrar no meu jardim invisível aos olhos do mundo, perceptível na minha imaginação!
Coloca os pés em linha e pisa a relva, sente o orvalho da manha que persiste na relva molhada e aparada, não é maravilhoso? E o odor? Um cheiro de terra húmida quente com aromas de baunilha, margaridas, tulipas, íris, macieiras e a madeira dos plátanos e carvalhos... consegues cheirar? É o meu jardim, a libertação do meu eu, o meu ponto de encontro com a minha imaginação, a minha protecção para a realidade que me sufoca...
Fecha os olhos, consegues ouvir as mil e uma entoações do bater das asas das borboletas? Sente a energia que elas emanam, sente a mesma energia que eu recebo neste lugar encantado da minha mente.
Abre os olhos e vê o meu ponto de refúgio, o meu canto de inspiração, o meu passaporte para a divagação e fuga da realidade que me atormenta... ali esta ele, o meu baloiço feito de madeira envelhecida amarrado por cordas deterioradas pelo tempo e corrompidas por eras de mil formas, é ali que fico muitas vezes... ora a pensar, ora a imaginar, ora a divagar, ora...
Agora que te mostrei o meu jardim... a minha mente, entendes porquê que não quero que ninguém entre? Seria a sua destruição, seria o meu desfalecer, seria o obscuro da solidão e do desespero a alcançar todo o meu espírito e alma... seria o meu homicídio/suicídio, por isso não quero entregar este meu canto selvagem de natureza sacra a ninguém... atitude egocêntrica quiças, mas verdadeira! Este lugar é o meu refúgio!
Sinto a brisa do vente gélido na face, a porta rangeu... é hora de sair
Vamos sair...

Talvez numa outra altura deixe a porta entreaberta...talvez

02 outubro 2008

Liberdade

O constante devir do meu pensamento,
divaga entre corredores de agonia e simpatia...
A mudança que trouxeste recuperou
o que outrora alguém tirou...
Algo que pensei não mais recuperar
mas tu descobriste-a com o teu olhar,
A alma que estava afogada pelo fulgor do dramatismo
corrumpida por um emergente secretismo
era agora aliviada e quiças desviada...
Entraste no meu interior,
Será que agora tens a coragem de libertar a borboleta aprisionada?
Deixarias que ela voasse de novo de forma apaixonada?
Se o asim fizesses, talvez ela fosse pousar
e na tua bochecha um beijo te segredar,
delicadamente,
ternorosamente...

Acabou!

Durante tantas noites de insónia eu te vi e desejei,
Perdida nas brumas eu fiquei e me transformei,
Andei à deriva num mar tenebroso e cruel,
não encontrava uma saída, mas porquê?
A eterna questão que faço a mim mesma
Porquê? Valeu mesmo a pena?
Passei grande parte do meu tempo a rastejar,
como um verme num chão frio e assustador
e nem olhavas para mim, e eu ali a fraquejar...
Sentias-te rei e senhor desse verme que poderias pisar a qualquer momento,
nunca reparavas em mim, eu era apenas um verme, nada mais que um verme...
Porquê digo eu,
Será que merecemos sofrer
por uma paixão
que leva grande parte do nosso ser
ao desespero e solidão
Porquê digo eu,
Tantas conversas ficaram pelo meio
Palavras que não foram ditas
Frases ocultadas
Simbólos sem sentido
Agora, não digo mais porquê!
Acabou!
O sonho que outrora se ergueu
teve o seu fim, desvaneceu
e nem sequer uma lágrima derramou
porque acredita em mim,
Acabou!

04 junho 2008

Mil coisas

Poderia dizer mil coisas,
mas mil coisas seriam uma ilusão.
Poderia escrever mil coisas,
mas mil coisas passariam em vão.
Poderia fazer mil coisas,
mas mil coisas não fariam a construção.
Para quê então mil coisas imaginar, se tudo o que eu queria, seria um olhar, perdido no espaço... perdido no tempo...
Sonhar e voar, estão permanentes na minha mente, mas quando o trago amargo da realidade se apodera das minhs vísceras, compreendo...
Todos os meus sonhos se desvaneiam em minutos de (des)ilusão. Jamais este sonho poderá ser alcançado...
Mas, olho, vejo, sinto, acredito, nada está perdido, existe a esperança reconfortante de que um dia o suave bater das asas de uma borboleta poderá pousar nas delicadas pétalas de um lótus...
Será isso possível?
Enquanto isso não poder ser concretizado, escreverei, direi, farei mil coisas. Ansiando que uma das mil coisas reflicta em ti.
E, aí de novo sonharei...

15 maio 2008

07 maio 2008

Lótus

Lótus, digo eu, lótus
cheiro que me invade
sonho e deliro pela noite...
"Qual será o meu cheiro?" perguntas...
Lótus, repito, lótus!
É através da flor e do seu esplenderoso cheiro que te identifico!
A História "dela" é bem parecida com a tua.
Nasce na lama, apenas florescendo quando atinge a superfície do lago, podendo durar até 5000 anos para quebrar este seu encanto, basta que um dia sol e o céu suavemente lhe entreguem um beijo.
Como tu, o teu passado não deves relembrar, isso magoa-te. Precisas de crescer para um dia amanheceres...
(e uma borboleta beijares...)
Cresces-te na escuridão, mas o futuro a ti te pertence e quando deres por ti, serás como o lótus, florescerás e a tua consciência iluminarás!
A que cheiras?
Lótus, mil vezes, lótus
E o teu cheiro não irá desaparecer, nem quando a morte, te anunciar a sua vinda!
Vai permanecer e viajar dentro de mim e de tantas outras pessoas, nesta e talvez na outra vida!
Lótus, digo/grito/choro/rio, lótus
e de novo,
LÓTUS!!!

15 abril 2008

A minha alga

Imaginei,
Ser uma alga marinha.
Então coloquei-me no chão,
deitada no soalho de madeira, sólido, frio e liso.
Sendo uma alga, bailava ao sabor da corrente,
ora para a frente, ora para trás,
ora para a esquerda, ora para a direita.
Senti-me em paz,
sem pensamentos e divagações...
Um momento único, incapaz de ser reproduzido por letras e palavras.
Senti o meu ser,
o seu esplendor, o seu terror,
dualidade implícita no meu interior.
Estava em contacto com a água
esta invadia-me e pedia-me mais e... mais...
Quis então soltar-me da rocha que me aprisionava
para que eu não seguisse a minha viagem.
Não conseguia...
Mas, a vontade era maior...
força e coragem uniram-se
Soltei-me!
Deambulando, avancei sem temores
Sentindo a brisa marítima,
um pouco de liberdade...
e em uma praia, com o areal cor de prata, fui repousar...
Acordei...

05 março 2008

O que quero eu?

Os carros passam
As pessoas falam
tudo acontece
enquanto estou parada a olhar
um futuro sem nexo...
O que quero eu, na verdade?
Não sei, não sei, não sei
a dúvida e a incerteza
instalam-se e eu apenas não sei...
O que quero eu?
Ser feliz?
Há muito tempo que ando sozinha neste mundo de incertezas...
Posso ter amigos, familia, amores e desamores, mas nada
em mim mudou...
O que quero eu?
Nada e tudo...
Compreendida talvez, mas não
consigo libertar-me desta situação...
Porquê?!?
O que quero eu?
Olho o vazio, olho para mim,
e enquanto tudo decorre ao meu lado,
estou parada no tempo
indefenido pela razão...
O que quero eu?
Descobrir quem eu sou, e ter perspectivas
para um futuro demasiado recente...
O que quero eu?
Sair deste buraco onde entrei sem dar conta,
gritar bem alto,
sair da escuridão e viver...
O que quero eu?
Amar e ser amanda, correr riscos sem preocupação,
fazer do meu destino, meu aliado...
O que quero eu?
Da escuridão ser libertada!

29 fevereiro 2008

Paixão

O que é a paixão?!?!
Paixão, é um sentimento pessoal e intransmissivel, algo que apenas só a pessoa que está a sentir sabe o que lhe vem na alma.
Paixão é algo indiscritível, não pode ser tocada, ela é muito mais do que tudo o se diz e se escreve, é talvez, quase transcedental, toca na alma e no espirito, destrói tudo o que estás a viver, para te levar a uma quinta dimensão!
Quando chega, não pede permissão para entrar, aloja-se sem que tu queiras, não paga renda e arrasa todo o teu interior, os teus pensamentos.
Faz-te sentir bem, flutuas sem te dar conta, mas ao mesmo tempo sentes-te mal, um mau-estar imenso e interno, parecendo que te consome com o seu veneno, deixando-te sem reacção nem certezas. Um veneno tão forte que quando a pessoa de quem gostas está presente, não consegues respirar nem pronunciar uma só palavra! Mas, se essa pessoa não está... o veneno faz ainda mais efeito, não te deixa dormir, a insónia instala-se e sempre que tentas descansar e os olhos fechar, imagens, pensamentos, conversas, sonhos despertam e só consegues pensar nisso!
E a música?!?! Uma música invisivel que não te deixa repousar, uma música que entra na tua mente e só consegues pensar nela...e nele...
Paixão corrompe, mas ainda é pior quando a covardia, a solidão, a tristeza se instalam... O medo de ser rejeitada, o medo de não ser correspondida, o medo de não estares presente, o medo é mais forte que tudo e fica-se à espera do que poderia acontecer e não aconteceu, o de transformar uma paixão em alicerces fortes e construir um amor possível...
Então é mais fácil desistir, não perguntar e viver na incerteza, a desilusão é mais forte. Não querer sofrer novamente, o medo de ser rejeitada são factores que não te deixam exprimir o que sentes na verdade.
Opta-se, normalmente, pelo caminho mais fácil (pois o dificil é a coragem de falar), esconder o que se sente num buraco bem fundo, mas quando dás por ti, estás dentro dele, e só há uma saída (a luz bem lá no alto), esperas que alguém te salve, mas não há nada e então cansas-te de esperar, e aquele buraco escuro onde a solidao é a tua companhia transforma-se na tua casa, aí vives "confortável"...
O olhar de outrora, com esperança, amor, felicidade, é agora um olhar de medo, covardia e tristeza.
Olham para ti e nos teus olhos, no teu olhar, só encontram o VAZIO!